quarta-feira, setembro 14, 2011


Diabetes e as pequenas coisas.

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Eu sei que este é blog de artes mas as vezes penso que informação é tudo e queria mostrar como é a minha vida e de milhões de pessoas que tem filhos com diabetes DM1, qdo li no blog de uma amiga achei que era as palavras certas pra passar pra vcs obrigada espero que gostem.


Blogagem Coletiva: Diabetes e as pequenas coisas.

Muita gente acha que cuidar de uma criança com diabetes é apenas medir glicemia e aplicar insulina. Posso te garantir, meu amigo que essa é a parte mais fácil.
Coisas que pra você, que não convive com ele (diabetes), passa despercebido:
1. Seu filho ir e voltar pra escola de perua. Ok. Simples. Pagamos a mensalidade e lá vão eles. Nem tão simples pra quem tem horários pra comer. Os intervalos entre as refeições são muito importantes. Se minha filha voltasse de perua, seria assim: aproximadamente 9h ela toma lanche na escola e as aulas terminam às 11h50, que bom se ela fosse a primeira a ser “entregue”, mas e se fosse a última? Teria que haver mais uma medição e talvez comer algo pra conseguir chegar em casa sem hipo. Ok. Tem solução. Sempre tem. Mas é algo a mais que temos que pensar.
2. Passeios na escola. Mesma coisa. Horários diferentes, atividades diferentes. Temos que pensar em todas as possíveis hipos e hipers e mandar tudo que é necessário pra resolver essas duas situações. Sempre tem um lanche a mais, sempre tem um celular tocando. Ok. Tem solução, sempre tem. Mas é algo a mais que temos que pensar.
3. Passar o dia na casa de uma amiga. Sair com os avós, tios, amigos. Meeesma coisa. Se você vai junto, ótimo. Se você não vai, precisa se certificar de que quem está com ela terá como resolver qualquer intercorrência. Ok. Tem solução. Sempre tem. É só se organizar direitinho. Mas é sempre algo a mais pra se pensar.
4. Não existe não comer. Se na hora da refeição não está com fome, tem que comer. Tem solução? Tem! Sempre tem. Acabamos oferecendo algo que a criança goste, correndo o risco de estar criando uma situação de estresse mais pra frente, mas a gente resolve.
Essas são apenas algumas. Tenho muitas, MAS MUITAS outras coisinhas e situações (zinhas) que pra muitos passa batido mas que pra gente (pais de crianças com diabetes) não pode passar.
Eu tenho saudade de poder dizer:
- “Não tá com fome, não come, a próxima refeição é às 15h”.
Saudade de poder ir pra qualquer canto com elas sem ter que preparar uma mala cheia de apetrechos de diabetes e lanches.
Saudade de não ter que medir glicemia antes de todas as refeições e ocasiões diferentes e reações estranhas.
Saudade de poder dar uma bronca tendo certeza de que aquilo é manha e não hipo.
Saudade de deixá-la brincar na casa das colegas sem ter que ficar atenta ao horário, aos carboidratos, às correções.
Saudade de não ter que mandar lanche diferenciado nos passeios e lanches extra com a quantidade de carboidratos escrita numa fita crepe junto ao lanche e uma carta com o procedimento a ser seguido pela professora.
Saudade de poder dormir até tarde. Até pra acordar mais tarde precisa de programação. Realmente não dá pra ficar muitas horas sem comer. Precisa se programar.
 Saudade de sair sozinha e não ficar pensando: como ela tá? será que tá dormindo? será que vai ter hipo?
Eu tenho saudade de um monte de coisas insignificantes que a maioria das pessoas nem lembra que existe.
Mas eu não sofro por causa dessa saudade. Eu simplesmente nem penso mais que tenho a opção de não ter isso na minha rotina. Eu vivo. E é assim minha vida. E elas vão crescer. E já já tudo isso realmente não vai existir mais.
São detalhes. Detalhes que o diagnóstico de diabetes traz pra vida da família. Detalhes que milhares de familias estão passando e outras tantas passarão.
ATÉ QUANDO ???

--
*Nicole Lagonegro* 


3 comentários:

Karyne disse...

É isso aí.. gostei bastante da mensagem.. tem quem pense que temos uma vida fácil outros ,por outro lado, pensam que sofremos horrores.. Nem um ,nem outro. Simplesmente é cansativo, exaustante mas basta dormir ( seria bom se dormíssemos muito bem) que no dia seguinte estamos ( ou pelo menos achamos que estamos) revigoradas. Parabéns pela descrição, compartilhei o link .

Patricia Duarte disse...

É por essas e outras coisas que temos sempre que agradecer a Deus por nossa saúde e pela saúde das pessoas que amamos.
Linda mensagem apesar da importancia e da tristeza que é essa doença, me fez ver o quanto sou grata ao meu Deus por tudo que tenho.
Bjos.

Monka disse...

Olá, sou Mônica e não sou uma mãe de filhos diabéticos. Eu sou a filha diabética...filha esta que descobriu seu diabetes aos 33 anos...não é que tenhamos que ter uma vida diferente dos outros, mas nossa vida nunca mais deixará de ser pautada por horários, disciplina, almoços sem fome...no meu caso depois de 33 anos, você começar de novo, aprender de novo tanta coisa...não é fácil! Imagino que para as mães de crianças diabéticas
não seja tarefa fácil também pois a minha mãe sofre, não no sentido de "sofrimento ruim", sempre ela diz que se pudesse trocaria de lugar comigo...mãe é mãe...mas enquanto filha eu peço a Deus todos os dias que nunca faça essa troca de lugares...rsrsrsr Um beijo doce a todas! Amei o texto! Copiei!

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